sábado, 30 de julho de 2016

ASSASSINOS MOTORIZADOS E O DESCASO DOS PODERES

Dirigir alcoolizado é o mesmo que andar armado, a qualquer momento pode ferir gravemente ou matar alguém. Quanto ao uso de armas, resolveram de forma parcial, porque somente os cidadãos comuns não fazem uso dela, portanto, os transgressores da lei usam arsenal.

Quanto ao projeto de lei para punir seriamente quem conduzir carro alcoolizado segue na penumbra, engavetamento à espera da benevolência dos ditos representantes do povo, esses que devemos extirpar-los para sempre do poder nas próximas eleições. Não há dúvidas que a certeza da impunidade favorece o aumento da prática desse fato endêmico. Como bem frisou Maurício Januzzi, presidente da Comissão de Trânsito da OAB-SP para o Jornal Gazeta de Pinheiros.

Encontra-se desde 2013 um projeto de lei com punições mais pesadas aos infratores, a mercê dos deputados e senadores para torná-la Lei. A proposta original caracteriza o ato de dirigir embriagado como crime com punição de cinco a oito anos de prisão para quem matar nessas condições. Foi aprovada pelos deputados com modificações, porém, reduzindo a pena mínima o que não altera em nada a punição atual.

O projeto está atualmente na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, com Aloysio Nunes (PSDB-SP) como relator. Os familiares das vítimas dos acidentes fatais desejam que o projeto volte à Câmara dos Deputados para que as bases de sua versão original sejam resgatadas e aprovadas. Enquanto os políticos brincam de senhores do poder, muitas vidas continuam sendo ceifadas pelos assassinos motorizados, que desdém pela certeza de sua impunidade.

Há pontos que devem ser ditos por que o projeto continua em trâmite no Congresso Nacional. Primeiro, se votarem o projeto original os ditos senhores do poder colocam a si próprios e seus antes queridos sujeitos à Lei. Segundo, a maioria dos assassinos motorizados são pessoas de classe abastarda, porém, perderiam a regalia da impunidade e passariam a viver enclausurado por um tempo mínimo, o que atingiria aos propínquos dos senhores do poder. Terceiro, nenhum desses senhores do poder teve um ente querido muito próximo de si, esmagado, despedaçado ou decapitado em acidentes de trânsito. Quando tiverem, então, darão prioridade urgente, urgentíssima, ao projeto de lei.


Lembrando que os senhores do poder e seus entes queridos têm também como todo simples mortal o dia e a hora de partir da vida física. Quiçá, não seja em acidentes causados por assassinos motorizados!